Câncer de Tireoide
Há grupos diferentes de cânceres de tireoide.
O mais comum deles é o carcinoma papilífero, que faz parte dos tumores bem diferenciados e tem prognóstico favorável.
O câncer de tireoide é o que mais cresceu em incidência nas últimas décadas, tendo praticamente triplicado em 30 anos.
No Brasil, hoje, representa 5% dos tumores malignos diagnosticados em mulheres, o que o torna o quarto câncer mais incidente no sexo feminino, principalmente entres os 30-60 anos de idade.
O carcinoma papilífero é o mais comum, ocorre em mais de 90% dos casos, e é o que tem o melhor prognóstico, com chance de cura de aproximadamente 95%.
O tratamento principal destes tumores é quase sempre cirúrgico.
Na grande maioria, através de tireoidectomias parciais ou totais, acompanhadas ou não de remoção de gânglios linfáticos (linfonodos) do pescoço que, quando realizados de forma adequada, são bastante efetivos e trazem pouquíssimas complicações ou sequelas.
Estes procedimentos podem ser feitos de forma convencional, endoscópica ou robótica. Nestas últimas modalidades, há a vantagem de evitarem cicatrizes visíveis no pescoço.
Os pacientes submetidos à retirada completa da tireoide (tireoidectomia total) necessitam receber reposição do hormônio tireoideano (levotiroxina) pelo resto da vida, através de ingestão de 01 comprimido por dia.
Em alguns casos, além da cirurgia, pode ser necessária a utilização da iodoterapia, geralmente em dose única, como forma de complementar o tratamento.
Câncer de Boca
É o 5º câncer mais comum nos homens, em geral a partir dos 50 anos de idade.
Está intimamente relacionado ao consumo abusivo de álcool e tabaco (cigarro, charuto, cachimbo, etc.).
Nos últimos anos, temos observado um aumento de casos de câncer de língua em pessoas mais jovens (30-50 anos) sem história de consumo de álcool e tabaco.
É um tumor agressivo, que exige tratamento rápido e também agressivo, com cirurgia que inclui ressecção do tumor com amplas margens de segurança combinada com o esvaziamento cervical (retirada de gânglios linfáticos do pescoço).
Em alguns casos, quimioterapia e/ ou radioterapia devem ser utilizados como complemento ao tratamento cirúrgico.
O impacto funcional que estes tumores e seus tratamentos trazem ao paciente, assim como possíveis sequelas, depende do tamanho do tumor e seu estágio.
Nos casos iniciais e com diagnóstico mais precoce, as chances de cura são maiores, e os resultados funcionais são melhores, podendo-se inclusive evitar cicatrizes visíveis com uso de cirurgia robótica e endoscópica, além de minimizar sequelas na fala e alimentação.
Por outro lado, quanto mais tardio o diagnóstico e avançado o estadiamento do tumor, pior o prognóstico e mais agressivo deverá ser o tratamento.
Este pode ocasionar cicatrizes na boca e pescoço, além de sequelas que atrapalham a fala e alimentação.
Obviamente, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor.
Câncer de Orofaringe
A orofaringe é a região da garganta que compreende o palato mole (úvula, a chamada campainha), as amígdalas e base da língua.
Classicamente, os tumores desta região, de forma semelhante ao câncer de boca, acometiam grandes fumantes, em sua maioria homens com mais de 60 anos de idade.
No entanto, nos últimos 20 anos, houve uma mudança epidemiológica importante com uma significativa alteração no perfil dos pacientes acometidos por essa doença.
Atualmente são homens e mulheres mais jovens (40-60 anos de idade) sem história de consumo importante de álcool e tabaco.
Esta mudança vem ocorrendo devido ao aumento de casos de câncer de orofaringe relacionados ao vírus HPV, que é transmitido por relação sexual oral.
A boa notícia é que o prognóstico dos tumores relacionados ao HPV é melhor do que dos tumores relacionados ao cigarro.
O acesso cirúrgico aos tumores desta região era muito difícil, por se localizarem na região mais profunda da boca.
Para alcançarmos o tumor com boa visualização, eram necessárias incisões amplas, com grandes cortes cervicais e fratura planejada na mandíbula.
Com a cirurgia robótica via transoral, este acesso se tornou muito mais simples e direto, diminuindo a morbidade, o tempo de recuperação e internação assim como a chance de complicações.
Agora, a ressecção desses tumores ocorre pela boca do paciente, como se fosse uma cirurgia de amigdalite feita em criança, só que com utilização do robô cirúrgico.
Este permite excelente visualização e dissecção mais precisa, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes e deixa menos sequelas.
É hoje um dos principais tratamentos de tumor de orofaringe, realizado de forma rotineira nos grandes centros de referência em tratamento de câncer do mundo.
Quase sempre é necessária a realização do esvaziamento cervical.
Em casos selecionados, o paciente pode ser tratado com uso de radioterapia combinada à quimioterapia, reservando-se a cirurgia para os casos em que não há resolução completa do tumor.
Câncer de Laringe
A laringe é também conhecida como órgão da voz ou caixa da voz.
É onde estão as cordas vocais.
O câncer da laringe é bastante relacionado ao uso prolongado de cigarro e álcool e acomete maiormente os homens de mais de 60 anos, que quase sempre apresentam sintomas como rouquidão ou dor de garganta persistente além de dificuldade para engolir.
Este câncer pode ser tratado com cirurgia ou radioterapia (associada ou não à quimioterapia).
Existem diversos tipos diferentes de técnicas cirúrgicas para os tumores de laringe, incluindo cirurgia convencional aberta, cirurgia endoscópica com laser ou cirurgia robótica.
O melhor tratamento para cada caso depende de vários critérios de seleção relacionados ao tumor e ao paciente, e a decisão deve ser tomada em conjunto com o paciente e equipe multidisciplinar.
Outras Cirurgias
Além de diagnósticos, tratamentos, biopsias e cirurgias em boca, tireoide, orofaringe, laringe e pescoço, também realizamos ressecção de tumores de face, órbita, seios paranasais, nariz, cavidade nasal e couro cabeludo, além de esvaziamentos cervicais. Em casos selecionados, temos opções de técnicas minimamente invasivas, com uso de cirurgia robótica, endoscópica, vídeo-assistida e/ou laser.